15 setembro, 2010


em sol afogado ao seco

sinto febre de querer ir longe


quando não estou

estou lá

quando os olhos fogem

é lá que estou


em águas mais calmas me aprofundo

e socego é uma bóia que paquero de baixo


quero quanto não posso

pendura

que hoje ta osso


preço da vida que passa

troco da vida que levo


treco estranho é ser suscinto

Desculpa, Leminski,

é o que sinto


perco minhas costas de vista

e vou lá


perco a calma, as estribeiras, a vergonha, a chave de casa, a hora, a cabeça, a partida, a guerra

e vou lá
enquanto fico
farejando a saudade
de dentro de mim
simples assim
como um ésse um íh e um ême

13 setembro, 2010

SUJO?




Por André Cintra*

Para o sarau de abertura, o grupo de Nassif recebe as cantoras Anaí Rosa e Carmen Queiroz, a pandeirista Roberta Valente e o multi-instrumentista Miltinho Tachinha, entre outros músicos. A apresentação ocorre na Regional Paulista do Sindicato dos Bancários de São Paulo, no número 305 da Rua Carlos Sampaio, próximo à Avenida Paulista.

Já o restante da programação, no sábado (21) e domingo (22), está marcado para o Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, ao lado da Câmara Municipal, no Centro paulistano. É lá que os 312 participantes inscritos acompanham a mesa de abertura, as oficinas, parte dos grupos de discussão e a plenária final.

A blogosfera hoje

A boa procura pelo Encontro surpreendeu membros da Comissão Organizadora, como Altamiro Borges, o Miro, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. “Há dois meses, quando o Encontro começava a ganhar forma, pensávamos em reunir uns 200 blogueiros. O número de inscritos não só superou nossas expectativas como mostra que o movimento pode crescer muito”, analisa Miro.

Para Paulo Henrique Amorim, blogueiro do Conversa Afiada e também membro da Comissão Organizadora, a blogosfera já mostrou a que veio. “Antigamente, os tucanos de São Paulo davam três telefonemas e controlavam o Brasil. Eles ligavam para o Doutor Roberto (Globo), o Ruy Mesquita (O Estado de S. Paulo) e o Seu Frias (Folha de S.Paulo) e governavam a opinião pública brasileira. O que desmontou essa estratégia concentrada em três telefonemas foi a blogosfera.”

Já Luis Nassif fala em “nova etapa” para definir os desafios atuais dos blogs progressistas. “Nos últimos anos, montamos uma rede de grande impacto para impedir as maluquices da direita e o processo avassalador da mídia. Essa guerra acabou”, afirma o jornalista. “Agora é preciso enfrentar as divergências entre nós mesmos – entre os blogueiros dessa frente. É uma oportunidade para mostrar que a blogosfera comporta essa democracia.”

Representatividade

Mais do que democrático, o Encontro também será altamente representativo. É fato que o estado de São Paulo vai responder por pouco mais de 60% dos blogueiros mobilizados – mas haverá representantes de outros 17 estados e do Distrito Federal. Um dos maiores objetivos dos organizadores – atrair estudantes para os debates – também foi bem-sucedido. Pelo menos 90 inscritos são universitários, sobretudo de Comunicação Social.

No Encontro, esses jovens blogueiros, tuiteiros ou simples internautas poderão ter contato com as principais referências em blogs progressistas no Brasil. É o caso de Luiz Carlos Azenha (Viomundo), Rodrigo Vianna (Escrevinhador), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Emir Sader (Blog do Emir) e Brizola Neto (Tijolaço) – além dos já citados Altamiro Borges, Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif.

A Carta e a Adin

Para fortalecer a luta contra a ditadura dos meios de comunicação, o Encontro vai aprovar, na plenária final, a Carta dos Blogueiros Progressistas. O documento – cujo texto-base foi divulgado nesta semana – propõe a união da blogosfera para formular “propostas de políticas públicas” e estabelecer “um marco legal regulatório que contemple as transformações pelas quais a comunicação está passando no Brasil e no mundo”.

Antes, no sábado, os participantes conhecerão o conteúdo de uma audaciosa Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) de autoria do jurista Fábio Konder Comparato. Trata-se de uma “Adin por Omissão”, que cobra do Congresso a regulamentação dos artigos sobre Comunicação presentes na Constituição Federal.

Duas entidades da área – a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e a Fitert (Federação Interestadual dos Trabalhadores em Radiodifusão) – prometem entrar com essa ação no Supremo Tribunal Federal, com o apoio das seis centrais sindicais do país. O próprio Comparato é quem deve explicar aos blogueiros o sentido e a urgência dessa iniciativa.

Notificação a Serra

Os participantes do Encontro também devem protestar contra o candidato tucano à Presidência, José Serra, que, num golpe de baixaria, acusou o governo Lula de financiar “blogs sujos” que “patrulham” jornalistas. Segundo Paulo Henrique Amorim, a calúnia de Serra demonstra como se dá a “criminalização dos blogs” no Brasil.

“O 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, com muita honra, deveria mudar de nome e se chamar 1º Encontro Nacional de Blogueiros Sujos”, ironiza o titular do Conversa Afiada. Em sua opinião, cabe ao evento máximo da blogosfera brasileira “entrar com uma notificação judicial e um pedido de explicação ao candidato José Serra para saber quem é sujo e quem é limpo”.


* Matéria feita em parceria com o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé

10 setembro, 2010

COMO FALA ESSE VELHOTE!!!

RESPOSTA DO BOM VELHINHO NOEL CUBANO PARA O JORNALISTA QUE ENTENDEU TUDO ERRADO...

O jornalista Jeffrey Goldberg, da revista The Atlantic, já conhecido por nosso público, publica partes de uma longa entrevista realizada comigo.
"Havia muitas coisas estranhas durante a minha recente estadia em Havana – conta –mas o mais inusitado foi o nível de autocrítica de Fidel Castro [...] Mas que Castro estava disposto a admitir que havia cometido um erro em um momento crucial da Crise dos Mísseis em Cuba parecia algo verdadeiramente surpreendente […] que se arrependeu de ter pedido Khruchev para lançar mísseis nucleares contra os Estados Unidos. É certo que abordou o tema e me fez a pergunta. Textualmente, como ele expõe na primeira parte de sua reportagem, suas palavras foram: "Eu perguntei: Em um momento, parecia lógico que você recomendaria aos soviéticos bombardear os Estados Unidos. O que você recomendou ainda parece lógico neste momento?” Fidel respondeu: Depois de ver o que vi, não valia a pena em absoluto."

Eu tinha explicado bem, e consta por escrita, o conteúdo da mensagem "... se os Estados Unidos invadirem Cuba, um país com armas nucleares russas, em tais circunstâncias não devemos deixar dar o primeiro golpe como fez com a URSS, quando no dia 22 de junho de 1941, o exército alemão e outras forças da Europa atacaram a URSS."

Pode-se notar que, neste breve alusão ao assunto, a segunda parte da distribuição ao público dessa notícia, que "se os EUA invadirem Cuba, um país com armas nucleares russas", neste caso eu recomendo impedir que o inimigo desfira o primeiro golpe. Há uma grande ironia na minha resposta "... Se eu soubesse o que sei agora ...", que é uma referência óbvia à traição cometida por um presidente da Rússia que, saturado de álcool, entregou aos Estados Unidos os segredos militares mais importantes do país.

Em outro ponto da conversa Goldberg diz: "Eu perguntei se ele acreditava que o modelo cubano foi algo que ainda valia a pena exportar." É evidente que a pergunta reproduzia implicitamente a teoria de que Cuba estava exportando a revolução. Eu respondi: "O modelo cubano não funciona mais, mesmo para nós." Não expressei nenhuma preocupação ou amargura. Eu me divirto agora ao ver como ele interpretou ao pé da letra, e consultou, pelo que disse, Julia Sweig, analista do CFR que o acompanhava, e desenvolveu a teoria que expus. Mas o fato é que a minha resposta significava exatamente o oposto do que os dois jornalistas americanos interpretaram sobre o modelo cubano.

Minha idéia, como todos sabem, é que o sistema capitalista hoje já não serve nem para os Estados Unidos nem para o mundo, pois conduz de crises a crises, que são cada vez mais graves, globais e reiteradas, das quais não se pode escape. Como tal sistema poderia servir para um país socialista como Cuba?

Muitos amigos árabes, ao saber que eu me entrevistei com Goldberg, se preocuparam e enviaram mensagens indicando-o como "o maior apoiador do sionismo".

De tudo isto, podemos deduzir a grande confusão que existe no mundo. Espero, portanto, que o que eu digo sobre o meu pensamento seja útil.

As ideias expressas por mim estão contidos em 333 Reflexões, vejam que casualidade, e as 26 últimas se referem exclusivamente aos problemas ambientais e ao perigo iminente de um conflito nuclear.

Agora eu devo adicionar um breve resumo.

Eu sempre condenei o Holocausto. Nas Reflexões sobre "O discurso de Obama no Cairo" e "A opinião de um Especialista", eu expus com toda clareza.

Nunca fui um inimigo do povo hebreu, que eu admiro pela capacidade de resistir durante dois mil anos à dispersão e à perseguição. Muitos dos mais brilhantes talentos humanos, como Karl Marx e Albert Einstein, eram judeus, porque é uma nação em que os mais inteligentes sobrevivem em virtude de uma lei natural. Em nosso país, e no mundo, foram perseguidos e caluniados. Porém, isto é só um fragmento das ideias que defendo.

Eles não foram os únicos perseguidos e caluniados por suas crenças. Os muçulmanos também foram atacados e perseguidos por bem mais de 12 séculos pelos cristãos europeus, por causa de suas crenças, assim como os primeiros cristãos na antiga Roma antes do cristianismo se tornar a religião oficial do império. A história deve ser aceita e lembrado como ela é, com suas realidades trágicas e guerras ferozes. Disto falei e, por isto, com toda razão explico os perigos que a humanidade corre hoje, que se tornaram o maior risco de suicídio para a nossa frágil espécie.

Se somarmos a tudo isto uma guerra com o Irã, ainda que de caráter convencional, mais valeria aos Estados Unidos apagar a luz e se despedir. Como poderiam resistir a uma guerra contra 1,5 bilhão de muçulmanos?

Defender a paz não significa, para um verdadeiro revolucionário, renunciar aos princípios de justiça, sem os quais a vida humana e a sociedade não teria sentido.

Eu ainda acho que Goldberg é um grande jornalista, capaz de expor com amenidade e maestia seus pontos de vista, que exigem debate. No inventa frases, las transfiere y las interpreta. Ele não inventa frases, apenas reproduz e interpreta.

Não mencionarei o conteúdo de muitos outros aspectos de nossas conversas. Respeitarei a confidencialidade das questões que abordamos, enquanto espero com interesse seu extenso artigo.

As atuais notícias que chegam em torrentes, de todas as partes, me obrigam a cumprimentar sua apresentação com estas palavras, cujos germes estão contidos no livro “A contraofensiva estratégica”, que acabo de apresentar.

Considero que todos os povos têm direito à paz e gozo da propriedade e dos recursos naturais do planeta. É uma vergonha o que está acontecendo com o povo em muitos países da África, onde vivem milhões de crianças, mulheres e homens, entre os seus habitantes esqueléticos, por falta de comida, água e remédios. São assombrosas as notícias que chegam do Oriente Médio, onde os palestinos são privados de suas terras, suas casas são demolidas por equipamentos monstruosos e homens, mulheres e crianças, bombardeadas com fósforo branco e outros meios de destruição, assim como dantescas cenas de famílias dizimadas por bombas lançadas sobre aldeias afegãs e paquistaneses, por aviões sem piloto, e os iraquianos que morrem depois de anos de guerra, e mais de um milhão de vidas sacrificadas nesta guerra imposta por um presidente dos Estados Unidos.

A última coisa que se poderia esperar era a notícia da expulsão dos ciganos franceses, vítimas da crueldade da extrema direita francesa, que eleva a sete mil as vítimas de outra espécie de holocausto racial. É fundamental o enérgico protesto dos franceses, aos quais, simultaneamente, os milionários limitam o direito à aposentadoria, reduzindo ao mesmo tempo as oportunidades de emprego.

Dos Estados Unidos chegam notícias de um pastor do estado da Flórida, que pretende queimar em sua própria igreja o livro sagrado do Alcorão. Mesmo os chefes ianques e europeus líderes militares em missão de guerra punitiva estremeceram com a notícia que eles consideraram arriscada para seus soldados.

Walter Martinez, o renomado jornalista do programa Dossier Venezolana de Televisión, foi surpreendido com tal loucura.

Ontem, quinta-feira, 9 da noite, chegaram notícias de que o pastor havia desistido. Seria necessário saber o que lhe disseram os agentes do FBI que o visitaram "para persuadi-lo." Foi um grande show de mídia, um caos, coisas próprias de um império que se afunda.

Agradeço a todos pela atenção.

*Líder da revolução cubana

mas enquanto o mundo explode...

nada de ficar pensando
sonhando pra depois
o homem que quero sempre ser anteontens
nada de plano futuro certeza fumaça que se abana facil
esse eu já fui de manhã
depois do meio dia
eu pretendo ser outros
mas me dá mais cinco minutinhos
só mais cinco
tá?

09 setembro, 2010

NOTICIAS DE ANTEONTEM: Tomem essa, terceiromundistas do diabo!



Líder de uma pequena igreja evangélica da Flórida diz que cerimônia é “chance para muçulmanos se converterem”. Comunidade no Facebook se transformou em palco de ódio religioso.

Enquanto a cidade de Nova York aprova a construção de uma mesquita próxima ao local em que ficavam as torres do World Trade Center, destruídas no ataque terrorista do 11 de Setembro, uma pequena igreja evangélica de tendências ultrarradicais está causando enorme polêmica nos Estados Unidos. É a Dove World Outreach Center, algo como Centro Mundial de Doação Pomba da Paz, que quer celebrar os nove anos dos atentados queimando o Corão, o livro sagrado do Islã.

A obra de intolerância é obra do pastor Terry Jones, que criou uma comunidade no Facebook para divulgar a cerimônia. Segundo o comunicado no Facebook, entre 18 horas e 21 horas do dia 11 de setembro, os livros sagrados serão queimados em um terreno na propriedade da igreja, em Gainesville, na Flórida. A comunidade já tem mais de 3,3 mil fãs, que trocam mensagens de ódio com muçulmanos conectados na mesma rede social.

“Nosso objetivo com esse e outros protestos é dar aos muçulmanos uma chance de se converter”, disse Jones ao site do Fórum Pew de Religião. Em um blog na página oficial da igreja, um integrante da igreja publicou um texto com o título “Dez razões para queimar o corão”. Nas supostas justificativas para o flagrante ato de intolerância religiosa, o autor do post diz que “Maomé talvez não tenha existido” e que “o Corão é uma mentira”. O item número três é o mais absurdo: “Os ensinamentos do Corão incluem idolatria árabe, paganismo, ritos e rituais. Isso é algo demoníaco, uma fortaleza satânica sob a qual os muçulmanos e o mundo sofrerão”.

O ódio direcionado ao Islã não é uma novidade para o pastor Terry Jones. Ele escreveu um livro cujo título é “O Islã é do diabo” e colocou essa inscrição na entrada da propriedade de sua igreja.

A atuação de Jones é constrangedora tanto para outros evangélicos.... como para os moradores de Gainesville. Segundo o blog Huffington Post, a Associação Nacional dos Evangélicos dos Estados Unidos emitiu um comunicado criticando Jones. “Isso seria profundamente ofensivo aos muçulmanos de todo o mundo, assim como os cristãos se sentiriam insultados caso queimassem Bíblias”. O prefeito de Gainesville, Craig Lowe, divulgou uma nota dizendo que a igreja de Jones é “um minúsculo e marginal grupo e um embaraço para nossa comunidade”.

Fonte: O Verbo
Imagens:google search by manifestocotonete

03 setembro, 2010

MÚSICA:



Por Ruy Castro

Um amigo meu carioca, de passagem por Lisboa - vamos chamá-lo Guilherme, embora este seja o seu nome verdadeiro - arranjou uma namorada portuguesa. Depois de um revigorante bacalhau com grelos numa tasca sobre o Tejo foi para o berço com a cachopa. No melhor da festa, quando as apaixonadas piruetas encaminharam para o inexorável e delirante clímax, a garota começou a exclamar: "Ai, que me vem! Ai, que me vem!" O Guilherme apanhou um susto. Achou que a moça estava a ter um troço. Na verdade, estava. Estava tendo um lindo orgasmo à melhor maneira alfacinha.

Quando Guilherme voltou ao Rio e me contou a história fiquei pensando sobre como, mesmo quando se trata de sexo, que é uma das poucas actividades humanas em que todos falam mais ou menos a mesma língua, por vezes é necessário um intérprete. "Ai, que me vem! Ai, que me vem!", com seu sabor tão 1890, à Eça ou Camilo, significa o nosso "Estou Gozando! Estou Gozando!", só que muito mais delicado e poético. As brasileiras bem que podiam adoptá-lo.

Outro conhecido meu, que andou pela Indonésia em negócios certamente escusos, foi surpreendido quando, numa situação idêntica, a moça se pôs a gritar "Aku Keluar! Aku keluar!". O fulano quase caiu da cama, temendo estar infringindo algum tabu local. Mas não, a moça estava apenas verbalizando o prazer daquele honesto papai-mamãe lhe provocava.

Bem, para me precaver de possíveis mal-entendidos se e quando a situação se apresentar, procurei saber como as mulheres de diferentes culturas dizem "Estou Gozando! Estou Gozando!" - não ao pé da letra, claro, mas seu equivalente, ou seja, as palavras incontroláveis que vêm do âmago do prazer no momento do orgasmo. Para isso, consultei minhas amigas brasileiras e estrangeiras versadas em línguas, a própria e a dos outros. Limitei a pesquisa às mulheres porque não confio nos homens e também porque me parece que elas prestam mais atenção nessas coisas. Uivos, bufados e ruídos imorais, tipo "Uuuuuuu!", "Grmmmmmmphkkkk!" ou "Brjjjwwkkk!", comuns a todas as culturas, foram descartados assim como as interjeições medíocres como "Yeah! Yeah!", "Oui! Oui!" e "Ja wohl! Ja wohl!" que americanas, francesas e alemãs sem imaginação disparam repetitivamente quando estão gozando. Concentrei-me nas declarações mais articuladas de mulheres que levam o seu orgasmo a sério e descobri que, em alguns casos, a maneira pela qual este ou aquele povo declara "Estou Gozando! Estou Gozando!" ajusta a entender o respectivo temperamento nacional.

Evidentemente que para as línguas mais manjadas não precisei consultar ninguém. A americana diz "I'm coming! I'm coming!". A Francesa "Je viens! Je viens!". A alemã "Ich kamme! Ich kamme!". Tudo isso significa, literalmente, "Estou vindo! Estou vindo!" ou "Estou chegando! Estou chegando!". A sueca emite uma ligeira variante: "Det gar! Det gar!" - algo assim como "Está vindo! Está vindo!" ou "Está chegando! Está chegando!". Como se vê a ideia de que um orgasmo é um fluido em movimento que está a caminho e não demora é universal. Mas há povos que conseguem exprimi-lo de maneira mais enfática. A espanhola, por exemplo, grita "Estoy corriendo! Estoy corriendo!" - o que pode levar um brasileiro incauto a pensar que a moça vai empurrá-lo para fora de cama e sair como uma bala em direcção à porta e justamente quando ele achava que estava abafando.

Já a Japonesa é tão reservada que só deixa para falar depois. Quando você pensa que ela vai chegar ou está vindo uma voz suspira no seu ouvido: "Itchatta yo", que significa um singelo "Acabei de ir". E só diz isso uma vez sem ponto de exclamação. Pode ser meio frustrante para o parceiro mas, se ela declara que já foi é porque está tudo bem - e você que trate de ir também antes que ela resolva voltar.
Em Hebraico é a mesma coisa com a diferença de que a mulher diz "Ani gomeret" - significando um simples e declarativo "Terminei" só faltando assinar e reconhecer a assinatura. Compare isso com o carnaval feito por uma italiana que, ao sentir que vai gozar, proclama triunfante "Arriva!!! Arriva!!! Arriva!!!" em triplicata e o homem tem a sensação de que, sozinho, vale por um batalhão do Garibaldi, todo embandeirado.

Diante disso começo a achar óptimo o nosso "Estou Gozando! Estou Gozando!". É alegre, amoroso e ligeiramente sacana. Mesmo porque gozar tem vários outros sentidos no Brasil e cada qual mais agradável: rir, fazer graça, sentir prazer, desfrutar de uma coisa boa, viver satisfeito. Serve também para você se arriscar a levar uma boa gozada da mulher se não a fizer gozar.



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