21 junho, 2011

TOME BLOGADA, GRANDE MÍDIA!





Gramsci e seu “grito de guerra” ecoam na blogosfera progressista

Salvo engano, o nome de Antonio Gramsci (1891-1937) não foi citado nos debates do 2º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que ocorre desde sexta-feira (17) em Brasília. Mas um texto escrito há 95 anos pelo revolucionário italiano sintetiza um dos consensos mais cristalizados do movimento pela democratização da mídia.

Por André Cintra

Em Os Jornais e os Operários, de 1916, Gramsci exortava os trabalhadores a romperem todos os laços com a imprensa burguesa. Numa época em que a TV nem sequer existia e o rádio ainda era uma mídia incipiente e experimental – um “telégrafo sem fio” –, o jornal despontava como a principal arma de dominação ideológica do operariado.

“Antes de mais nada, o operário deve negar decididamente qualquer solidariedade com o jornal burguês. Deveria recordar-se sempre, sempre, sempre, que o jornal burguês (qualquer que seja sua cor) é um instrumento de luta movido por ideias e interesses que estão em contraste com os seus”, denunciava Gramsci. “Tudo o que se publica é constantemente influenciado por uma ideia: servir à classe dominante, o que se traduz sem dúvida num fato: combater a classe trabalhadora.”

Daí a conclamação do pensador italiano a que não se iludissem com a “grande imprensa” da época. Mais ainda, que não comprassem nem assinassem os jornais inimigos, para não garantir a viabilidade financeira do empreendimento. “Não contribuam com dinheiro para a imprensa burguesa que vos é adversária. Eis qual deve ser o nosso grito de guerra neste momento, caracterizado pela campanha de assinatura de todos os jornais burgueses: ‘Boicotem, boicotem, boicotem!’”, arrematava Gramsci.

Quase um século depois, os participantes do encontro da blogosfera parecem decididos a não dar tréguas à grande mídia. Já não se trata apenas de jornais. A imprensa burguesa deixou de ser somente impressa e se converteu num gigantesco aparato multimídia, que inclui também grandes emissoras de TV e rádio, revistas (sobretudo as semanais), portais na internet e provedores de conteúdo para dispositivos móveis. Como enfrentar esse centauro midiático – verdadeira aberração da civilização contemporânea?

O “medo de se indispor”

Um dos consensos que já é possível extrair do Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, antes mesmo da plenária final deste domingo (19) – e ainda que não haja uma resolução formal –, é que a luta contra a grande mídia tem de se fortalecer. É preciso, claro, que o governo tome medidas aparentemente mais simples, como alastrar a internet via banda larga. Mas urge, acima de tudo, ter ousadia e coragem para lutar contra o oligopólio que toma conta das comunicações.

Na abertura do encontro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou os “falsos formadores de opinião que já não formam opinião nem na casa deles”. Implicitamente, porém, admitiu que o governo federal, tanto com ele quanto com a presidente Dilma Rousseff, não conseguiu alterar a correlação de forças do setor. Ao salientar que as propostas de marco regulatório “mexem com grandes interesses”, Lula deixou claro que a batalha não está ganha – ao contrário, apenas emergiu.

Com conhecimento de causa, dois outros convidados do encontro – a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) e o ex-ministro José Dirceu (PT-SP) – lembraram, em mesas diferentes, que a maioria dos políticos tem medo de se indispor com a grande mídia. Não é por acaso que a Câmara dos Deputados criou apenas neste ano a Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular (Frentecom), com mais de mais de cem entidades e sob a coordenação de Erundina. “Já não me sinto tão só”, afirmou a deputada.

35 grupos

Já o jurista Fábio Konder Comparato sustentou que “todos os poderes do Estado, inclusive a mídia, estão nas mãos de oligarquias. Os órgãos e as instituições do Estado brasileiro não têm poder de fato. Eles agem sob pressão dos grupos que efetivamente detêm poder”.

Comparato acredita que o Executivo “cede fácil às cobranças” das grandes redes de comunicação. Para começar a reverter essa lógica, basta que o Congresso regulamente os artigos da Constituição de 1988 sobre o tema – especialmente o que proíbe a existência de oligopólios no setor. São da autoria de Comparato, aliás, as ações diretas de inconstitucionalidade que cobram a regulamentação dessas medidas.

O desafio até lá, é resistir a tais pressões dos 35 grupos que controlam 516 empresas de comunicação do Brasil. Ou, em outras palavras, fazer valer o “grito de guerra” proposto por Gramsci: “Boicote, boicote, boicote” ao oligopólio midiático. Já!

06 junho, 2011

Precipício
é um vício
não canso de me atirar
de novo e de novo
e sentir meu crânio frágil como um ovo
sobre a calçada morna
e minhas idéias
na gaiola da codorna

ENCOMENDE SUA DESIDEIA!!!!

À VENDA PARA TODO BRASIL e PARA O MUNDO!!!!
RIBEIRÃO PRETO: R$20,00
OUTRAS LOCALIDADES: R$ 27,00
OUTROS PAÍSES: R$ 30,00

ENCOMENDAS: fravimlouzas@hotmail.com

11a FEIRA NACIONAL DO LIVRO - RIBEIRÃO PRETO ME LIVREI DO LIVRO?

TRANSBORDEL TOTAL!


POESIA EM PARTES!!!


AGRADECIMENTOS AOS MEUS PAIS,


CLARISSA,MINHA GUIA,


AOS SAMBISTAS E AGREGADOS,


AOS AMIGOS,


AOS DESCONHECIDOS DE PLANTÃO.


ME LIVREI!!!!


































22 abril, 2011

DMT é TNT NA SUA CABEÇA!






# Há uma molécula em nós humanos, bicho ou planta, chamada DMT (Dimetiltriptamina) ou A Molécula do Espírto, que se comunica de um estado de vida a outro sem o nosso controle. Para a pesquisadora Leanna Standish, a DMT é "a base comum de uma linguagem molecular. Uma linguagem de ressonância entre todos os seres vivos deste planeta”. Difícil de ser compreendido, esse estágio exige sensibilidade suficiente para sentirmos o que as plantas emanam.

E o que dizem as plantas? Sentimos nelas o amor despretencioso e desmaterializado? Existe um amor desromantizado? Sabemos que sorrir ou chorar não é só humano. O ''estado de espírito'' de todos os seres vivos pode transceder às práticas desse mundo e alcançar uma comunicação, é o que dizem os pesquisadores desse efeito psicoativo, às vezes despertado apenas com uma concentração mental.

Através da ingestão da Ayahuasca, a dimetiltriptamina, que é um alcalóide psicoativo e ainda o princípio ativo das mirações, revela um poderoso portal da consciência através da química simples desta molécula.

Imaginemos o amor fluindo, livre, se esquivando da sua outra face, que nós humanos temos, o ódio. Assim deve ser a forma que este sentimento encontra para voar. Terence McKenna, etnofarmacologista responsável pela divulgação mais abrangente da DMT, diz que seus efeitos mostram um amplo potencial de medicina planetária. "Essa linguagem permite o desencapsulamento dos egos", diz o cientista.
Como fazer a reconexão do humano com a comunidade da vida no planeta Terra? Terence diz que só essa molécula pode fazer a ligação. Imaginemos o porquê. Vida humana esgotada, voltada aos valores capitais, à picuinhas ou à violência, nós esquecemos (e até queremos muito) eliminar as plantas e os animais do mundo.

Mas fazemos amor de noite, num motel, e achamos que tudo está lindo. Seres românticos e selvagens, com toda a contradição humana. Fazemos também, com amor, qualquer melodia... Mas como cada ser reage ao amor?

Cazuzemos nos nicknames digitais: "eu quero a sorte de um amor tranquilo..." enquanto não sentimos, de fato, um amor sem pretenções materiais. Muitos até o sentem, quando criança, mas desconhecem a liberdade na vida adulta e o esquecimento cuida de substituir um sentimento verdadeiro pela ilusão.

Afinal, são quantos os tipos de amor? Amor como acessório de shopping... O amor é posse para a maioria. Uns poucos loucos liberam-no pra ver onde ele gruda. Certamente numa árvore, velha companheira da vida... ou num cão, de olhar atônito, ferido pelo monstro homem.

"O amor é uma construção terrível... um buraco negro, que quer engolir tudo", desabafa o poeta (puto com alguma musa). Mas, a DMT é a linguagem do amor no universo. Sente-se uma alegria incomensurável ao olhar as plantas. Chega a ser visível o sorriso das folhas.

"O amor, pra o bem querer, é pra querer o bem", corrige o lado holístico do poeta. E entre confissões assim ou confusões passadas, flutua o amor... que só é pleno quando livre de todas as nossas impressões humanas.

Ao entender o amor assim, o romantismo guarda-se em caixas minúsculas, com naftalina, até um crente desdobrá-lo (alguns passam ferro quente para retirar as marcas). Outros fingem que usam. Como um botton institucional... um smile amarelado, grudado ao peito.


#valdívia costa

12 abril, 2011

AO COELHO

TRANSGENICO AFETADO

PELA RADIAÇÃO LIBERADA

PELO CARA CRUCIFICADO

PEDI APENAS PAZ NA PÁSCOA

FICAR ATOA

E PARA O FERIADO

NÃO SER VISTO

PELA ONU

NEM POR NENHUMA VÍTIMA DE BULLYING

QUE EU

NÃO NASCI PARA O RINGUE


EU SÓ QUERO CHOCOLATE



ASS: NOEL
LIVREI-ME DO LIVRO AGORA TO MAIS LIVRE PRA ESCREVER O QUE EU QUISER LER ACHO QUE VOU PIRATEAR MEU LIVRO ANTES QUE ALGUM CAMELÔ NÃO O FAÇA E VENDER PELA METADE ATRAS DA MOITA NA PRAÇA

EXPERIENCIA É TUDO!!!

Sobreviventes de Columbine enviam mensagem aos alunos do Rio Publicidade DA FRANCE PRESSE Um grupo de sobreviventes do massacre de Columbine (EUA), cidade americana onde dois jovens assassinaram 13 pessoas em 1999, enviou nesta terça-feira uma carta de apoio aos estudantes da escola municipal Tasso da Silveira, onde 12 crianças foram assassinadas no dia 7.

27 março, 2011



Esse vingou

o outro não vingou


logo vinga

ah, se vinga





solidariedade aos povos que ganharam bombas de ano novo, novinhas

terceiro mundo à esquerda

sépê doimileonze


esquina do transbordel, próximo à proxima postagem


poesia é sacanagem


ass:ONU dos outros, é refresco

VÁ TACAR BOMBAS NO SEU QUINTAL

EM BREVE, UM LANÇAMENTO EXTRAORDINÁRIO DESTE ATELIER: SAI DE BAIXO QUE É POESIA BAIXA!OU ABAIXA OU RACHA!TRANSBORDEL DE (R)ACHADOS POÉTICOS APRESENTA: DESIDEIA (SEMI NOVA) VENDO, COMPRO, ALUGO, ACEITO TROCA

25 fevereiro, 2011





FIDEL CASTRO

O petróleo se tornou uma riqueza primordial nas mãos das grandes transnacionais ianques; através dessa fonte de energia dispuseram de um instrumento que acrescentou consideravelmente seu poder político no mundo. Foi sua principal arma quando decidiram tentar liquidar a Revolução Cubana logo que foram promulgadas as primeiras leis justas e soberanas em nossa Pátria: privá-la de petróleo.

Sobre essa fonte de energia se desenvolveu a civilização atual. A Venezuela foi a nação deste hemisfério que maior preço pagou. Os Estados Unidos se tornaram donos das enormes jazidas com que a natureza dotou a esse país irmão.

Ao final da última Guerra Mundial começou a extrair das jazidas do Irã, bem como da Arábia Saudita, do Iraque e dos países árabes situados ao redor deles, maiores quantidades de petróleo. Eles passaram a ser os principais fornecedores. O consumo mundial se elevou progressivamente à fabulosa cifra de aproximadamente 80 milhões de barris diários, incluídos os que são extraídos no território dos Estados Unidos, aos que ulteriormente se adicionaram o gás, a energia hidráulica e a nuclear. Até inícios do século XX o carvão tinha sido a fonte fundamental de energia que fez possível o desenvolvimento industrial, antes que fossem produzidos milhares de milhões de automóveis e motores consumidores de combustível líquido.

A dilapidação do petróleo e do gás está ligada a uma das maiores tragédias, não resolvida em absoluto, que sofre a humanidade: a mudança climática.

Quando nossa Revolução surgiu, a Argélia, a Líbia e o Egito não eram ainda produtores de petróleo, e grande parte das grandes reservas da Arábia Saudita, do Iraque, do Irã e dos Emirados Árabes Unidos estavam por ser descobertas.

Em dezembro de 1951, a Líbia se transformou no primeiro país africano em atingir sua independência após a Segunda Guerra Mundial, em que seu território foi cenário de importantes combates entre tropas alemãs e do Reino Unido, que deram fama aos generais Erwin Rommel e Bernard L. Montgomery.

De seu território, 95% é totalmente desértico. A tecnologia permitiu descobrir importantes jazidas de petróleo leve de excelente qualidade das quais hoje são extraídos um milhão 800 mil barris diários, além de abundantes depósitos de gás natural. Tal riqueza lhe permitiu atingir uma perspectiva de vida que alcança quase os 75 anos, e a mais alta renda per capita da África. Seu rigoroso deserto está localizado sobre um enorme lago de água fóssil, equivalente a mais de três vezes a superfície de Cuba, o que tornou possível a construção de uma ampla rede de aquedutos que se estende por todo o país.

A Líbia, que tinha um milhão de habitantes quando atingiu sua independência, tem hoje mais de 6 milhões.

A Revolução Líbia aconteceu no mês de setembro do ano 1969. Seu principal dirigente foi Muammar Kadafi, militar de origem beduína, que em sua juventude mais precoce se inspirou nas idéias do líder egípcio Gamal Abdel Nasser. Sem dúvida que muitas de suas decisões estão ligadas às mudanças que se originaram quando, tal como no Egipto, uma monarquia fraca e corrupta foi derrocada na Líbia.

Os habitantes desse país têm milenares tradições guerreiras. Há quem diga que os antigos líbios fizeram parte do exército de Aníbal quando esteve a ponto de liquidar a Antiga Roma com a força que cruzou os Alpes.

Poder-se-á ou não concordar com o Kadafi. O mundo tem sido invadido com todo o tipo de notícias, empregando especialmente os meios maciços de informação. Haverá que esperar o tempo necessário para conhecer com rigor quanto há de verdade ou de mentira, ou uma mistura de fatos de todo o tipo que, no meio do caos, aconteceram na Líbia. O que para mim resulta absolutamente evidente é que ao Governo dos EUA não preocupa em absoluto a paz na Líbia, e não hesitará em dar à Otan a ordem de invadir esse rico país, talvez em questão de horas ou em muito breves dias.

Os que com pérfidas intenções inventaram a mentira de que Kadafi encaminhava-se para a Venezuela, assim como fizeram na tarde de domingo, 20, receberam hoje uma digna resposta do Ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, quando expressou textualmente que fazia “votos para que o povo líbio encontre, no exercício de sua soberania, uma solução pacífica a suas dificuldades, que preserve a integridade do povo e da nação Líbia, sem a ingerência do imperialismo…”

Por minha parte, não imagino o dirigente líbio abandonando o país, eludindo as responsabilidades que lhe são imputadas, sejam ou não falsas em parte ou em sua totalidade.

Uma pessoa honesta estará sempre contra qualquer injustiça que se cometa com qualquer povo do mundo, e a pior delas, neste instante, seria guardar silêncio perante o crime que a Otan se prepara para cometer contra o povo líbio.

À chefia dessa organização belicista urge fazê-lo. É preciso denunciá-la!

21 fevereiro, 2011

CULTURA É A MÃE!


Partido da cultura - lobecult, ai meu saco!!!
VISITE!PARTICIPE: (se tiver estômago)

http://partidodacultura.blogspot.com/


Considerando que cultura é a mãe...
PARTIDO DO YAKULT TB VALE????MÃE!EU QUERO!EU QUERO!MÃE!!!!
MÃE, VOU TOMAR YAKULT COM O PESSOAL DO PARTIDO...ME EMPRESTA O CARRO?
A UNESCO que me desculpe, mas eu quero a minha parte em cachê, já os padres em caixinha,
como é que fica? PReligião, PVale transporte, PIsso, PAquilo...mas cultura, cultura é a mãe!
Na mãe dos outros é refresco...vá botar chifres na internet deles - globalizacion

"os acordos necessários..." yeah baby, isso sim! Isso sim.

Artistas, religiosos, feira hippye, futebol de domingo, novela das 8, caldo de cana com pastel....
ta tudo num partido só, e depois não tem pra quem reclamar se a molecada defender que
sexta feira no mec é cultura ribeirãopretense....

"Amanhã vai ser outro dia!"

Até quando vamos repetir "Hoje não, que eu to com ressaca da ditadura"

Cultura é um caralho no rabo do povo, um santinho colado na testa e o carro de pamonha,
o resto que sobra é artesanato.

POBREZA é patrimonio cultural, imaterial ou utópico?
e HAVAIANA, é marca, é nacional, é patrimônio?
E a gisele?
E coca cola?
e cocaina?

Cultura.
Patrocinada.

CIDADÃ.

09 fevereiro, 2011


a noite, como outras, joga seu manto
infinita como tantas
tanto quanto

18 janeiro, 2011

CULTURA e DIREITO: cidadania é o caralho

Sempre me deparo com os ecos da geração Rouanet e não entendo bem o universo sufocante que cerca o criativo mundo da constituição do sujeito. Algumas referencias são interessantes:


O filósofo inglês Thomas Kuhn, em seu livro Estrutura das revoluções científicas, afirmava que nos momentos de crise há uma proliferação de novos paradigmas que competem entre si, tratando de impor-se como o enfoque mais adequado. É quando se produz uma revolução e um dos novos paradigmas substitui o paradigma tradicional. A cada revolução, o ciclo se inicia de novo e o paradigma que foi instaurado dá origem a um novo processo de ciência normal. Nesses momentos é fundamental uma nova terminologia, para dar conta dos conceitos que surgem. Com alguns ajustes, podemos adaptar o mesmo esquema para pensarmos a revolução ora em curso no interior da indústria cultural.

Nesse contexto surge o autoprodutor, o não especialista por definição. Ele compõe, produz, divulga, distribui e consome, não necessariamente nessa ordem. A necessidade premente em desatar tantos nós quanto possível da cadeia produtiva fez dele um profissional genérico que levou às últimas consequências a máxima anarquista “faça você mesmo!”. Esse autoprodutor é o operário da contraindústria. A negatividade implícita no termo significa menos a transformação vertiginosa dos aspectos técnico-formais do que a recusa do modelo consolidado de divisão do trabalho e atribuição de tarefas no sistema de produção em escala industrial. Essa é a principal mudança paradigmática, que traz, a reboque, todas as outras. A contraindústria se impõe, portanto, como um novo modelo de divisão de trabalho sem, no entanto, abrir mão dos avanços tecnológicos e das conquistas e soluções encontradas pela própria indústria. Essa nova divisão do trabalho se estrutura em redes colaborativas, nas quais a gestão das atividades é individual, orgânica e, ao mesmo tempo, coletiva. Contraindústria é, no plano sintático, um oxímoro (figura que reúne palavras contraditórias), mas a contradição dos termos é apenas aparente e perdura até o momento em que se percebe que ela se constitui na verdade como uma síntese dialética da revolução industrial. A ideia de redes e de rizoma (que não tem ponto de origem ou de princípio primordial comandando o pensamento) torna-se fundamental para compreender a forma como se dá o processo de produção contraindustrial.

Direito de cidadania

Indústria cultural, expressão sexagenária criada por Adorno no livro Dialética do esclarecimento, escrito a quatro mãos com Horkheimer e publicado em 1947, adquire assim um novo significado dentro de uma perspectiva dialética da história da produção e do consumo de arte. Aquele foi o momento de identificação do surgimento de um fenômeno em escala mundial que se consolidaria nos anos 60 e 70, atingiria o ápice nos anos 80 e entraria em franco declínio a partir de meados da década de 90 do século passado.

Por outro lado, o acesso à cultura é um direito garantido a todo cidadão brasileiro pela Constituição Federal de 1988. O problema é que estamos tão acostumados ao modo de produção privado nesse setor que muitos têm a impressão de que não é correto usar dinheiro público para produzir um espetáculo, editar um livro ou realizar um filme com a contrapartida de viabilizar à população a fruição desses bens culturais. Essa é uma visão conservadora que sustenta a ideia equivocada de que o artista pertence a uma elite intelectual na qual seria vergonhoso investir dinheiro público. Poucos defensores dessa ideia, entretanto, seriam contra a construção de hospitais e postos de saúde para o atendimento da população, ou ainda ao investimento em segurança, com a compra de equipamentos e treinamento da força policial. É que estamos acostumados a pensar que o acesso à cultura é um privilégio – e, muitas vezes, efetivamente é –, mas não deveria ser. Há, sem dúvida, um conflito entre os interesses privados e as obrigações de um Estado democrático. Conflito esse que se torna ainda mais explícito diante das distorções provocadas pela adoção do incentivo fiscal, transformado em principal mecanismo de política pública nas esferas governamentais.

Nesse recorte é interessante analisar o fenômeno das feiras de música e a força com que estão se impondo como um novo modelo de negócio contraindustrial. Sem dúvida, essa prática comercial, que remete à Antiguidade, diz muito sobre a nova configuração de um espaço que parecia saturado há alguns anos. A feira é um ambiente privilegiado para trocas, um espaço de relacionamento humano intenso, de intercâmbio entre culturas, saberes e modos de produção. Na feira, os negócios ocorrem no varejo, olho no olho. Mais um indício do caráter artesanal da nova ordem, como que freando o ímpeto consumista e estabelecendo outros parâmetros, mais humanos, às relações comerciais.

Impossível falar de cultura hoje sem pensar em sustentabilidade, em economia criativa, em redes solidárias e comércio justo. Um conceito alimenta o outro, dando forma a uma nova sensibilidade que desponta na superfície árida de crises financeiras e altos índices de desemprego. A cultura, um recurso que não se esgota, pelo contrário, se multiplica, pode ser uma resposta para esses momentos de incerteza. Mas, para qualquer ação concreta, contudo, é preciso dimensionar o tamanho da movimentação cultural no país.

O primeiro grande desafio a ser enfrentado é o levantamento de dados, o número de profissionais envolvidos, casas de espetáculo, eventos, produtos lançados e outros indicadores que possibilitem um diagnóstico mais preciso sobre as atividades culturais. Certeza que são milhões de pessoas envolvidas, mas sabemos também que a maioria delas atua na informalidade, invisíveis aos critérios utilizados para aferição.

Publicado originalmente por Makely Ka (Belo Horizonte, MG) no Overmundo e retirado em 17/01/2011

17 janeiro, 2011

CARNAVAL-UM PAÍS DE TODOS: Tamborins apontados para a economia




Genebra, 05/01/2011
País é o que mais exporta e importa bens e serviços da indústria criativa e tem o maior superávit da América Latina, diz relatório


da PrimaPagina

O Brasil é o país da América Latina com o maior saldo positivo no comércio exterior de produtos e serviços ligados à indústria criativa – que abrange áreas tradicionais da cultura (como música, TV, cinema e artes plásticas), mas também artesanato, comunicação, design, arquitetura e itens ligados às novas tecnologias. Em 2008, as exportações brasileiras superaram as importações em US$ 1,74 bilhão, segundo oRelatório de Economia Criativa de 2010, publicado pelo PNUD e pela UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento).

Das 13 nações da região com volumes mais expressivos de fluxo comercial nessa área, apenas quatro registraram superávit: Peru (US$ 251 milhões), Argentina (US$ 55 milhões) e Bolívia (US$ 4 milhões), além do Brasil. Os maiores déficits são de Venezuela (US$ 2,19 bilhões) e México (US$ 1,51 bilhão).


Ao longo dos seis anos analisados no estudo, o Brasil aumentou tanto o volume de exportação quanto o de importação de bens e serviços ligados à indústria criativa. Mas o grande responsável pelo resultado brasileiro são os serviços, cujo superávit saltou de US$ 477 milhões em 2002 para US$ 2,24 bilhões, em 2008.

No período analisado, o país foi sempre o que mais importou e mais exportou serviços da indústria criativa na América Latina, e registrou superávit todos os anos. O segmento que mais alavanca as exportações é o arquitetônico, que em 2008 respondeu por 88% das vendas (US$ 5,59 bilhões) e 71% das compras (US$ 2,92 bilhões).

Nos produtos o cenário é um pouco diferente. O Brasil tem grande participação nessa área, mas fica atrás do México – as exportações mexicanas alcançaram US$ 5,17 bilhões, e as brasileiras, US$ 1,2 bilhão. O país vizinho aos Estados Unidos, contudo, também importa mais (US$ 6,54 bilhões em 2008, contra US$ 1,72 bilhão do Brasil) e tem déficit maior. A balança comercial brasileira de produtos da indústria criativa vinha sendo positiva até 2007, mas ficou no vermelho em 2008 (déficit de US$ 506 milhões).

Carnaval

O estudo da UNCTAD e do PNUD afirma que o Carnaval é um dos principais impulsionadores da indústria criativa no Brasil. O impacto se dá pela "produção direta de artigos e performances gravadas para a venda para a população local e aos turistas, e pelos efeitos indiretos dos gastos dos turistas cujas visitas foram estimuladas pelo Carnaval".

A festa ajuda ainda a desenvolver as habilidades dos artistas locais, e impulsiona a venda de produtos e de negócios elaborados por conta da celebração. "O Carnaval oferece uma concentração de performances de música e dança ao vivo e gravadas que têm um significado cultural considerável para o público nacional e internacional", destaca o relatório.

Uma pesquisa, mencionada no estudo, sobre a cadeia associada ao Carnaval no Rio de Janeiro aponta que a festa, com retorno anual estimado em US$ 600 milhões, emprega quase meio milhão de pessoas e tem impacto direto e indireto na economia, não apenas da cidade, mas do estado.

Outra contribuição para o aumento das exportações de bens e serviços criativos na América Latina foi a retomada da produção cinematográfica na região, particularmente em Argentina, Brasil e México. Porém, o relatório avalia que os filmes nacionais continuam lutando por um espaço na tela com os grandes sucessos estrangeiros. Raramente ficam entre os dez mais vistos nos países, e a participação deles no mercado fica bem atrás das produções internacionais.

A novela é outro produto que ajuda a impulsionar a economia criativa latino-americana. "Na produção televisiva, há casos de sucesso, como a Televisa, no México, e a TV Globo, que são os maiores exportadores de programas de televisão – em sua maioria, novelas – para mercados mundiais",

11 janeiro, 2011

A NOSSA BANDA MAIS LARGA!!!




Um Termo de Cooperação firmado pelo Ministério da Cultura (MinC) com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), no final de dezembro, vai possibilitar a implantação de redes nacionais de laboratórios experimentais em arte, cultura e tecnologia e de cinemas digitais universitários. O termo garante a primeira etapa do Programa de Pesquisa e Inovação em Cultura, Arte e Tecnologia e permite que o MinC passe a integrar o contrato de gestão firmado entre a RNP e os ministérios da Educação (MEC) e da Ciência e Tecnologia (MCT).

O coordenador-geral de Cultura Digital do MinC, José Murilo Junior, considera que além de promover a interligação com outros produtores de conteúdo digital em nível ministerial, como MEC e MCT, outro ganho que a entrada do MinC no consórcio traz é o fato de que, agora, o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) discute não apenas a infraestrutura de rede, mas também o que vai passar por ela. “O Ministério da Cultura introduziu a reflexão sobre o conteúdo no âmbito do PNBL”, diz Murilo.

O MinC vai destinar, inicialmente, R$3,8 milhões à RNP. A previsão é de que até o final de 2011 os primeiros projetos pilotos estejam interligando unidades da Fundação Nacional de Artes (FUNARTE) e Museus do Rio de Janeiro e São Paulo, além de cinemas universitários de vários pontos do país.

A rede de laboratórios experimentais em arte, cultura e tecnologia vai propiciar à comunidade de produtores e pesquisadores do segmento artístico e cultural uma plataforma digital capaz de suportar o desenvolvimento de projetos experimentais de softwares e hardwares e, também, a realização de obras e espetáculos.

Já a rede de cinemas universitários deve permitir a difusão de conteúdos audiovisuais entre a Cinemateca Brasileira, vinculada do MinC, e os cinemas e salas de exibição das instituições de ensino superior. “Vai se constituir em um espaço de experimentação para a comunidade acadêmica da área da Ciência da Computação que trabalha com problemas relativos à distribuição de conteúdos audiovisuais em rede”, explica Murilo.

A cooperação RNP/MEC/MCT/MinC e suas vinculadas, por meio desses laboratórios, vai garantir que o país possa uniformizar os protocolos de rede utilizados pelas diversas entidades públicas. O objetivo não é só melhorar a preservação e a integração de acervos culturais, mas especialmente promover a sua difusão e a ampliação do acesso.

“Isso está alinhado às diretrizes do Plano Nacional de Cultura (PNC) aprovado recentemente pelo Congresso Nacional, que reconhece a inovação científica como um valor estratégico para a cultura e que a internet de banda larga é decisiva à produção e difusão da Cultura Digital”, diz o coordenador do MinC.

A RNP é uma organização social, e por isso pode firmar contrato de gestão com o poder público. Opera uma rede de Internet de longa distância, baseada em tecnologia de transmissão óptica, conhecida como rede Ipê, e é voltada para a comunidade brasileira de ensino e pesquisa, que agora estará integrada às instituições públicas de promoção e difusão da Cultura.

O Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), a cargo do Ministério das Comunicações, tem por objetivo, entre outros, acelerar a inclusão dos brasileiros na moderna Sociedade da Informação e contribuir para a evolução das redes de telecomunicações do país com vistas aos novos modelos de tecnologia e arquitetura de rede mundial

Publicado originalmente por Andrea Lombardi

10 janeiro, 2011

CALA A BOCA, BRASIL!!!


A ABERT - reunindo os magnatas da mídia - está patrocinando uma desregulamentação do mais importante programa radiofônico do país, a Voz do Brasil. Querem, primeiramente, flexibilizar seu horário de exibição, provavelmente colocando-o em horários sem qualquer audiência. Após isto, pretendem extinguí-lo, pois não pode admitir a presença de uma experiência bem sucedida de regulamenta informativa, capaz de demonstrar didaticamente a milhões de brasileiros, os benefícios da regulação no setor. Querem sepultar de vez este exemplo positivo de informação regulamentada..

Por meio da Voz do Brasil divulgam-se informações importantíssimas para uma imensa massa de brasileiros - 80 milhões de ouvintes, estima-se - que, sem este importante programa de rádio, não têm outra alternativa para informarem-se sobre FNDE, sobre Programa de Aquisição de Alimentos, informações sobre benefícios da Previdência Social, sobre o Bolsa Família, sobre políticas dirigidas a colônias de pescadores etc.

Diante disso, entidades como a Fitert, a Fenaj, sindicatos de radialistas, TVs Comunitárias, Associação Brasileira de Rádios Comunitárias, estão convocando reunião para o próximo dia 11, às 19 h, com o intuito de organizar uma Campanha em Defesa da Voz do Brasil, pois o projeto de lei , será remetido para a Câmara federal

Fitert - SCS, Edifício Presidente, 2 andar.


05 janeiro, 2011

MINISTÉRIO DO MISTÉRIO: ANA PROMETE AOS CRIADORES



Excelentíssimos Srs. ministros e ministras, senadores e deputados, demais autoridades presentes, caríssimos servidores do Ministério da Cultura do Brasil,

Minhas amigas, meus amigos, boa tarde.

Antes de mais nada, quero dizer que é com alegria que me encontro aqui hoje. Uma espécie de alegria que eu talvez possa definir como uma alegria densa. Porque este é, para mim, um momento de emoção, felicidade e compromisso.

Sinto-me realmente honrada por ter sido escolhida, pela presidenta Dilma Rousseff, para ser a nova ministra da Cultura do meu país.

Um momento novo está amanhecendo na história do Brasil – quando, pela primeira vez, uma mulher assume a Presidência da República. Por essa razão, me sinto também privilegiada pela escolha. Também é a primeira vez que uma mulher vai assumir o Ministério da Cultura. E aqui estou para firmar um compromisso cultural com a minha gente brasileira.

Durante a campanha presidencial vitoriosa, a candidata Dilma lembrou muitas vezes que sua missão era continuar a grande obra do presidente Lula. Mas nunca deixou de dizer, com todas as letras, que “continuar não é repetir”.

Continuar é avançar no processo construtivo. E quando queremos levar um processo adiante, a gente se vê na fascinante obrigação de dar passos novos e inovadores. Este será um dos nortes da nossa atuação no Ministério da Cultura: continuar – e avançar.

A política cultural, no governo do presidente Lula, abriu-se em muitas direções. O que recebemos aqui, hoje, é um legado positivo de avanços democráticos. É a herança de um governo que se compenetrou de sua missão de fomentador, incentivador, financiador e indutor do processo de desenvolvimento cultural do país.

Sua principal característica talvez tenha sido mesmo a de perceber que já era tempo de abrir os olhos, de alargar o horizonte, para incorporar segmentos sociais até então desconsiderados. E abrigar um conjunto maior e mais variado de fazeres artísticos e culturais. Em consequência disso, muitas coisas, que andavam apagadas, ganharam relevo: grupos artísticos, associações culturais, organizações sociais que se movem no campo da cultura. E se projetou, nas grandes e médias cidades brasileiras, o protagonismo colorido das periferias.

É claro que vamos dar continuidade a iniciativas como os Pontos de Cultura, programas e projetos do Mais Cultura, intervenções culturais e urbanísticas já aprovadas ou em andamento – como as ações urbanas previstas no PAC 2, com suas praças, jardins, equipamentos de lazer e bibliotecas. E as obras do PAC das Cidades Históricas, destinadas a iluminar memórias brasileiras. Enfim, minha gestão jamais será sinônimo de abandono do que foi ou está sendo feito. Não quero a casa arrumada pela metade. Coisas se desfazendo pelo caminho. Pinturas deixadas no cavalete por falta de tinta.

Quero adiantar, também, que o Ministério da Cultura vai estar organicamente conectado – em todas as suas instâncias e em todos os seus instantes – ao programa geral do governo da presidenta Dilma. Às grandes metas nacionais de erradicar a miséria, garantir e expandir a ascensão social, melhorar a qualidade de vida nas cidades brasileiras, promover a imagem, a presença e a atuação do Brasil no mundo. A chama da cultura e da criatividade cultural brasileira deverá estar acesa no coração mesmo de cada uma dessas grandes metas.

Erradicar a miséria, assim como ampliar a ascensão social, é melhorar a vida material de um grande número de brasileiros e brasileiras. Mas não pode se resumir a isso. Para a realização plena de cada uma dessas pessoas, tem de significar, também, acesso à informação, ao conhecimento, às artes. É preciso, por isso mesmo, ampliar a capacidade de consumo cultural dessa multidão de brasileiros que está ascendendo socialmente.

Até aqui, essas pessoas têm consumido mais eletrodomésticos – e menos cultura. É perfeitamente compreensível. Mas a balança não pode permanecer assim tão desequilibrada. Cabe a nós alargar o acesso da população aos bens simbólicos. Porque é necessário democratizar tanto a possibilidade de produzir quanto a de consumir.

E aproveito a ocasião para pedir uma primeira grande ajuda ao Congresso, aos senadores e deputados agora eleitos ou reeleitos pela população brasileira: por favor, vamos aprovar, este ano, nesses próximos meses, o nosso Vale Cultura, para que a gente possa incrementar, o mais rapidamente possível, a inclusão da cultura na cesta do trabalhador e da trabalhadora. Cesta que não deve ser apenas “básica” – mas básica e essencial para a vida de todos. Em suma, o que nós queremos e precisamos fazer é o casamento da ascensão social e da ascensão cultural. Para acabar com a fome de cultura que ainda reina em nosso país.

A mesma e forte chama da cultura e da criatividade do nosso povo deve cintilar, ainda, no solo da reforma urbana e no horizonte da afirmação soberana do Brasil no mundo. Arquitetura é cultura. Urbanismo é cultura. Na visão tradicional, arquitetura e urbanismo só são “cultura” quando a gente olha para trás, na hora de tombamentos e restaurações. Isso é importante, mas não é tudo. Arquitetura e urbanismo são cultura, também, no momento presente de cada cidade e na criação de seus desenhos e possibilidades futuras. Hoje, diante da crise geral das cidades brasileiras, isso vale mais do que nunca.

O que não significa que vamos passar ao largo da vida rural, como se ela não existisse. O campo precisa de um “luz para todos” cultural.

De outra parte, o Ministério da Cultura tem de realmente começar a pensar o Brasil como um dos centros mais vistosos da nova cultura mundial.

Quero ainda assumir outro compromisso, que me alegra ver como uma homenagem ao nosso querido Darcy Ribeiro. Estaremos firmes, ao lado do Ministério da Educação, na missão inadiável de qualificar o ensino em nosso país. Se o Ministério da Educação quer mais cultura nas escolas, o Ministério da Cultura quer estar mais presente, mediando o encontro essencial entre a comunidade escolar e a cultura brasileira. Um encontro que há muito o Brasil espera – e onde todos só temos a ganhar.

Pelo que desde já se pode ver, o Ministério da Cultura, na gestão de Dilma Rousseff, não será uma senhora excêntrica, nem um estranho no ninho. Vai fazer parte do dia-a-dia das ações e discussões. Vai estreitar seus laços de parentesco no espaço interno do governo. Mas, para que tudo isso se realize, na sua plenitude, não podemos nos esquecer do que é mais importante.

Tudo bem que muita gente se contente em ficar apenas deslizando o olhar pela folhagem do bosque. Mas a folhagem e as florações não brotam do nada. Na base de todo o bosque, de todo o campo da cultura, está a criatividade. Está a figura humana e real da pessoa que cria. Se anunciamos tantos projetos e tantas ações para o conjunto da cultura, se aceitamos o princípio de que a cultura é um direito de todos, se realçamos o lugar da cultura na construção da cidadania e no combate à violência, não podemos deixar no desamparo, distante de nossas preocupações, justamente aquele que é responsável pela existência da arte e da cultura.

Visões gerais da questão cultural brasileira, discutindo estruturas e sistemas, muitas vezes obscurecem – e parecem até anular – a figura do criador e o processo criativo. Se há um pecado que não vou cometer, é este. Pelo contrário: o Ministério vai ceder a todas as tentações da criatividade cultural brasileira. A criação vai estar no centro de todas as nossas atenções. A imensa criatividade, a imensa diversidade cultural do povo mestiço do Brasil, país de todas as misturas e de todos os sincretismos. Criatividade e diversidade que, ao mesmo tempo, se entrelaçam e se resolvem num conjunto único de cultura. Este é o verdadeiro milagre brasileiro, que vai do Círio de Nazaré às colunatas do Palácio da Alvorada, passando por muitas cores e tambores.

Sim. A riqueza da cultura brasileira é um fato que se impõe mesmo ao mais distraído de todos os observadores. Já vai se tornando até uma espécie de lugar comum reconhecer que a nossa diversidade artística e cultural é tão grande, encantadora e fascinante quanto a nossa biodiversidade. E é a cultura que diz quem somos nós. É na criação artística e cultural que a alma brasileira se produz e se reconhece. Que a alma brasileira brilha para nós mesmos – e rebrilha para o mundo inteiro.

E aqui me permitam a nota pessoal. Mas é que não posso trair a mim mesma. Não posso negar o que vi e o que vivi. Arte e cultura fazem parte – ou melhor, são a minha vida desde que me entendo por gente. Vivência e convivência íntimas e já duradouras. Nasci e cresci respirando esse ar. Com todos os seus fluidos, os seus sopros vitais, as suas revelações, os seus aromas, as suas iluminuras e iluminações… E nesse momento eu não poderia deixar de agradecer ao meu pai e à minha mãe, que me abriram a mente para assimilar o sentido de todas as linguagens artísticas e culturais. É por isso mesmo que devo e vou colocar, no centro de tudo, a criação e a criatividade. O grande, vivo e colorido tear onde milhões de brasileiros tecem diariamente a nossa cultura.

A criatividade brasileira chega a ser espantosa, desconcertante, e se expressa em todos os cantos e campos do fazer artístico e cultural: no artesanato, na dança, no cinema, na música, na produção digital, na arquitetura, no design, na televisão, na literatura, na moda, no teatro, na festa.

Pujança – é a palavra. E é esta criatividade que gira a roda, que move moinhos, que revela a cara de tudo e de todos, que afirma o país, que gera emprego e renda, que alegra os deuses e os mortais. Isso tem de ser encarado com o maior carinho do mundo. Mas não somente com carinho. Tem de ser tratado com carinho e objetividade. E é justamente por isso que, ao assumir o Ministério da Cultura, assumo também a missão de celebrar e fomentar os processos criativos brasileiros. Porque, acima de tudo, é tempo de olhar para quem está criando.

A partir deste momento em que assumo o Ministério da Cultura, cada artista, cada criadora ou criador brasileiro, pode ter a certeza de uma coisa: o meu coração está batendo por eles. E o meu coração vai saber se traduzir em programas, projetos e ações.

Sei que, neste momento, a arte e a cultura brasileiras já nos brindam com coisas demais à luz do dia, à luz da noite, em recintos fechados e ao ar livre. E vamos estimular e fortalecer todas elas. Objetivamente, na medida do possível. E subjetivamente, na desmedida do impossível. Mas sei, também, que coisas demais ainda estão por vir, das extensões amazônicas à amplidão dos pampas, passeando pelos assentamentos da agricultura familiar, por fábricas e usinas hidrelétricas, por escolas e canaviais, por vilas e favelas, praias e rios – entre o computador, o palco e a argila. Porque, no terreno da cultura, para lembrar vagamente, e ao inverso, um verso de Drummond, todo barro é esperança de escultura.

É preciso descentralizar, sim. Mas descentralizar sem deserdar. É preciso dar formação e ferramentas aos novos. Mas garantindo a sustentação objetiva dos seus fazeres. Porque, como disse, muita coisa ainda se move em zonas escuras ou submersas, sem ter meios de aflorar à superfície mais viva de nossas vidas. É preciso explorar essas jazidas. Explorar a imensa riqueza desse “pré-sal” do simbólico que ainda não rebrilhou à flor das águas imensas da cultura brasileira.

Por tudo isso é que devo dizer que a atuação do Ministério da Cultura vai estar sempre profundamente ligada às raízes do Brasil. Pois só assim vamos nos entender a nós mesmos. E saber encontrar os caminhos mais claros do nosso futuro.

Minhas amigas e meus amigos, antes de encerrar, quero me dirigir às trabalhadoras e aos trabalhadores deste Ministério. De uma forma breve, mais breve do que gostaria, mas a gente vai ter muito mais tempo para conversar. De momento, quero apenas dizer o seguinte: seremos todos, aqui, servidores realmente públicos. Vou precisar, passo a passo, da dedicação de todos vocês. Vamos trabalhar juntos, somar esforços, multiplicar energias, das menores tarefas cotidianas, no dia-a-dia deste Ministério, às metas maiores que desejamos realizar em nosso país.

Em resumo, é isso. O que interessa, agora, é saber fazer. Mas, também, saber escutar. Quero que a minha gestão, no Ministério da Cultura, caiba em poucas palavras: saber pensar, saber fazer, saber escutar. Mas tenho também o meu jeito pessoal de conduzir as coisas. E tudo – todas as nossas reflexões, todos os nossos projetos, todas as nossas intervenções –, tudo será feito buscando, sempre, o melhor caminho. Com suavidade – e firmeza. Com delicadeza – e ousadia.

Mas, volto a dizer, e vou insistir sempre: com a criação no centro de tudo. A criação será o centro do sistema solar de nossas políticas culturais e do nosso fazer cotidiano. Por uma razão muito simples: não existe arte sem artista.

Muito obrigada.
Ana de Hollanda

DE LÁ PRA CÁ: Maré de controle da informação...

ENQUANTO A DILMA ESCOLHE MINISTROS E A INTERNET FAZ PROMESSAS PRO ANO NOVO, A UE CAPRICHA NA RESSALVA: O FUTURO É MIDIATICO




Hungria assume presidência da UE e desperta polêmica sobre mídia

Enquanto o presidente da França, Nicolas Sarkozy, faz um dramático pronunciamento em defesa do euro, sugerindo que o fim do euro “seria o fim da Europa”, a Hungria se prepara para assumir a presidência da União Europeia (UE) em meio a uma forte polêmica sobre a mídia.
Medidas heterodoxas do governo húngaro para intensificar os controles de mídia e confiscar fundos de pensão privados estão irritando líderes do bloco.

As medidas do primeiro-ministro Viktor Orban e seu partido Fidesz, de centro-direita, foram censuradas publicamente por políticos da Grã-Bretanha, Alemanha e Luxemburgo, cujo ministro do Exterior questionou abertamente na semana passada se a Hungria seria “merecedora” de liderar a UE.

Pressão

Berlim e outras capitais pressionaram Budapeste para emendar a nova lei de mídia antes mesmo de entrar em vigor, preocupados com a possibilidade de que o controle dilua a mensagem de “liberdade de imprensa” do bloco e torne-se uma distração em meio à crise da dívida da Europa.

“Nós esperamos que o governo húngaro resolva em breve essa questão satisfatoriamente e que ela não tenha impacto adverso sobre o desempenho da presidência húngara da UE”, salienta o Ministério do Exterior britânico em comunicado.

Mas a Hungria bateu o pé

Na quinta-feira (30), o presidente do país ratificou a legislação que estabelece uma nova autoridade nacional de mídia repleta de seguidores do Fidesz, que supervisionará toda a produção de notícias públicas e que terá poderes para impor grandes multas à mídia privada.

Orban, cujo partido de centro-direita conquistou dois terços do Parlamento em abril, prometeu resistir à pressão para mudar a lei, dizendo que ela foi mal interpretada por estrangeiros não familiarizados com a situação doméstica húngara.

Durante seis meses, a Hungria presidirá o início de negociações sensíveis sobre o Orçamento de 2014 a 2020 da UE, debate que colocará Grã-Bretanha, Alemanha e França contra países mais pobres do Leste Europeu e da Europa Central, aos quais estão sendo impostos pesados sacrifícios e o monitoramento do FMI.

O bloco também precisará entrar em discussões polêmicas como a integração da grande minoria cigana e a pretensão de Bulgária a Romênia em entrar para o acordo de livre circulação da zona do euro.

Com agências
Vermelho.com.BR

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