China qualifica membros do comitê do Nobel como palhaços
Ao mesmo tempo em que qualificava como palhaços os membros do comitê do Prêmio Nobel que premiaram um prisioneiro dissidente, a China afirmou nesta terça-feira (7) que a grande maioria das nações não comparecerá à cerimônia de entrega do Prêmio. Federação Russa e Cuba estão entre os 19 países que já recusaram o convite.
O escolhido do ano é o prisioneiro Liu Xiaobo, que cumpre pena em uma cadeia na China por incitação à subversão e que ocupará a "cadeira" ocupada pelo senhor de guerra americano Barack Obama, escolhido Prêmio Nobel da Paz no ano passado.
"É possível ver claramente que a grande maioria da comunidade internacional não irá à cerimônia", disse Jiang Yu, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. "Mais de cem países nos apoiam". Jiang também afirmou que "nós estamos contra qualquer um que interfira nos assuntos judiciários da China. Nós não mudaremos por causa da interferência de alguns palhaços".
Poeta e professor de literatura, Liu cumpre uma sentença de 11 anos por subversão, após assinar um manifesto em 2008 no qual defende a subversão e a substituição do poder popular, instalando no país uma democracia de fachada, tal qual as ocidentais.
Pequim acusou a Noruega de minar as relações bilaterais e encorajar um criminoso, após o comitê do Nobel da Paz, sediado em Oslo, anunciar o vencedor. O governo norueguês notou na época que não está envolvido com a premiação.
A cerimônia vai acontecer na próxima sexta-feira, em Oslo, sem a presença do prisioneiro, algo que será fartamente explorado na mídia Ocidental. O comitê do Nobel informou que até agora 19 países se recusaram a participar da pantomima. Entre eles estão China, Rússia, Casaquistão, Cuba, Marrocos, Paquistão, Sérvia, Venezuela e Iraque.
O comitê informou também que 44 embaixadas estarão representadas no evento. Entre os países que participarão do espetáculo circense estão Índia, Brasil, África do Sul e Indonésia.
"Nós estamos encantados que dois terços dos países convidados nos deram uma resposta positiva", disse Geir Lundestad, diretor do Instituto Nobel em Oslo. "Estamos especialmente contentes que países como Índia, Brasil, África do Sul e até a Indonésia tenham dito sim".
A insólita concessão do Prêmio Nobel da Paz a Liu foi classificado na época como uma blasfêmia pelos dirigentes do país.
O uso político do Nobel não é uma novidade. No ano passado, o mesmo prêmio foi conferido ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chefe de um Estado que promove guerras imperialistas contra o Iraque e o Afeganistão apesar da oposição da ONU, gasta em armas e segurança mais que todo o resto do mundo junto, reativou a 4ª Frota de Intervenção, estimula golpes militares e amplia suas bases na América Latina.
A concessão do prêmio neste ano no momento em que a China é alvo de forte pressão dos Estados Unidos não é algo casual e lembra a campanha de boicote contra as olimpíadas de Pequim liderada por alguns países do chamado Ocidente.
Da redação, com agências