25 fevereiro, 2011


FIDEL CASTRO

O petróleo se tornou uma riqueza primordial nas mãos das grandes transnacionais ianques; através dessa fonte de energia dispuseram de um instrumento que acrescentou consideravelmente seu poder político no mundo. Foi sua principal arma quando decidiram tentar liquidar a Revolução Cubana logo que foram promulgadas as primeiras leis justas e soberanas em nossa Pátria: privá-la de petróleo.

Sobre essa fonte de energia se desenvolveu a civilização atual. A Venezuela foi a nação deste hemisfério que maior preço pagou. Os Estados Unidos se tornaram donos das enormes jazidas com que a natureza dotou a esse país irmão.

Ao final da última Guerra Mundial começou a extrair das jazidas do Irã, bem como da Arábia Saudita, do Iraque e dos países árabes situados ao redor deles, maiores quantidades de petróleo. Eles passaram a ser os principais fornecedores. O consumo mundial se elevou progressivamente à fabulosa cifra de aproximadamente 80 milhões de barris diários, incluídos os que são extraídos no território dos Estados Unidos, aos que ulteriormente se adicionaram o gás, a energia hidráulica e a nuclear. Até inícios do século XX o carvão tinha sido a fonte fundamental de energia que fez possível o desenvolvimento industrial, antes que fossem produzidos milhares de milhões de automóveis e motores consumidores de combustível líquido.

A dilapidação do petróleo e do gás está ligada a uma das maiores tragédias, não resolvida em absoluto, que sofre a humanidade: a mudança climática.

Quando nossa Revolução surgiu, a Argélia, a Líbia e o Egito não eram ainda produtores de petróleo, e grande parte das grandes reservas da Arábia Saudita, do Iraque, do Irã e dos Emirados Árabes Unidos estavam por ser descobertas.

Em dezembro de 1951, a Líbia se transformou no primeiro país africano em atingir sua independência após a Segunda Guerra Mundial, em que seu território foi cenário de importantes combates entre tropas alemãs e do Reino Unido, que deram fama aos generais Erwin Rommel e Bernard L. Montgomery.

De seu território, 95% é totalmente desértico. A tecnologia permitiu descobrir importantes jazidas de petróleo leve de excelente qualidade das quais hoje são extraídos um milhão 800 mil barris diários, além de abundantes depósitos de gás natural. Tal riqueza lhe permitiu atingir uma perspectiva de vida que alcança quase os 75 anos, e a mais alta renda per capita da África. Seu rigoroso deserto está localizado sobre um enorme lago de água fóssil, equivalente a mais de três vezes a superfície de Cuba, o que tornou possível a construção de uma ampla rede de aquedutos que se estende por todo o país.

A Líbia, que tinha um milhão de habitantes quando atingiu sua independência, tem hoje mais de 6 milhões.

A Revolução Líbia aconteceu no mês de setembro do ano 1969. Seu principal dirigente foi Muammar Kadafi, militar de origem beduína, que em sua juventude mais precoce se inspirou nas idéias do líder egípcio Gamal Abdel Nasser. Sem dúvida que muitas de suas decisões estão ligadas às mudanças que se originaram quando, tal como no Egipto, uma monarquia fraca e corrupta foi derrocada na Líbia.

Os habitantes desse país têm milenares tradições guerreiras. Há quem diga que os antigos líbios fizeram parte do exército de Aníbal quando esteve a ponto de liquidar a Antiga Roma com a força que cruzou os Alpes.

Poder-se-á ou não concordar com o Kadafi. O mundo tem sido invadido com todo o tipo de notícias, empregando especialmente os meios maciços de informação. Haverá que esperar o tempo necessário para conhecer com rigor quanto há de verdade ou de mentira, ou uma mistura de fatos de todo o tipo que, no meio do caos, aconteceram na Líbia. O que para mim resulta absolutamente evidente é que ao Governo dos EUA não preocupa em absoluto a paz na Líbia, e não hesitará em dar à Otan a ordem de invadir esse rico país, talvez em questão de horas ou em muito breves dias.

Os que com pérfidas intenções inventaram a mentira de que Kadafi encaminhava-se para a Venezuela, assim como fizeram na tarde de domingo, 20, receberam hoje uma digna resposta do Ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, quando expressou textualmente que fazia “votos para que o povo líbio encontre, no exercício de sua soberania, uma solução pacífica a suas dificuldades, que preserve a integridade do povo e da nação Líbia, sem a ingerência do imperialismo…”

Por minha parte, não imagino o dirigente líbio abandonando o país, eludindo as responsabilidades que lhe são imputadas, sejam ou não falsas em parte ou em sua totalidade.

Uma pessoa honesta estará sempre contra qualquer injustiça que se cometa com qualquer povo do mundo, e a pior delas, neste instante, seria guardar silêncio perante o crime que a Otan se prepara para cometer contra o povo líbio.

À chefia dessa organização belicista urge fazê-lo. É preciso denunciá-la!

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